Elisa Ohtake
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AQUI ELEVADO A UM TRILHÃO
Como viver em meio a uma crise ecológica, sem fugir do problema? Lugares improváveis do sistema solar e a complexidade espacial do nosso planeta são disparadores de uma dramaturgia performática que afirma radicalmente o aqui, mesmo ele tão deteriorado. O teatro é radicalmente vivido a partir da complexidade dos lugares do mundo.
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O teatro radicalmente vivido a partir da complexidade dos lugares do mundo.
Como viver em meio a uma crise ecológica vitalmente, sem fugir do problema? Em AQUI ELEVADO A UM TRILHÃO, o teatro é potencializado pela presença da natureza em sua complexidade, seja ela viva, exuberante ou devastada. Lugares são disparadores de uma dramaturgia performática, lugares improváveis do sistema solar e a complexidade espacial do nosso planeta são evocados para, em contraste total, o aqui ser radicalmente afirmado, mesmo ele tão deteriorado. Mesmo a natureza existindo somente em estado de fantasma. “Ficar com o problema”, como diz Donna Haraway, “pois só a partir disso algo pode acontecer. Não reconstruções totais mas possibilidades mais modestas de recuperações, com parcerias inusitadas... e continuar. Continuar, ficando com o problema.” Pensar o teatro fora do teatro. E o fora dentro do teatro, esgarçando as convenções.
O que está em jogo na peça não são paisagens, não é a descrição de um visual. O lugar é entendido como uma possibilidade de transformação. O que está em jogo é a sensação do corpo nos lugares, como o lugar o afeta, o transforma. O teatro é radicalmente vivido a partir da complexidade dos lugares do mundo. Há três anos construindo a peça, escrevi o texto a partir de pesquisas científicas e de minhas próprias experiências, faço caminhadas de longa duração na natureza desde adolescente.
O texto foi escrito especialmente para os atores dessa peça, para a personalidade de cada um e as subversões dessas personalidades. O único depoimento verídico é de Alison Guega, um malabarista que trabalha nos faróis e já viajou 15 estados do Brasil, sete países da América Latina, fazendo malabares para comer e seguir viajando.
AQUI ELEVADO A UM TRILHÃO inverte o que normalmente é tido como bastidor (montagem de cenário) para o centro da cena. O que normalmente é bastidor se torna procedimento cênico. A linguagem estética da peça borra os limites entre atuação e cenotecnia.
O cenário de variados tipos de lixo evoca diretamente a crise ecológica porém é, sobretudo, uma insurgência metafórica profunda acerca do momento complexo atual, mundo afora, de explícita intolerância, aumento das zonas de abandono, ascensão da extrema direita, guerras e questões relacionadas ao lixo propriamente dito. Anualmente, mais de 8 milhões de toneladas de plástico são jogadas no oceano e sete bilhões de seres humanos produzem 1,4 bilhão de toneladas de resíduos sólidos urbanos, segundo a RSU. Segundo o Pnuma, em 2030 a quantidade de lixo produzido no mundo será 50% maior.
O título da peça vem da informação científica de que existem sóis pelo universo que chegam a ter um trilhão de vezes o brilho do nosso sol. “É um brilho possível. Imaginem aqui brilhando um trilhão de vezes mais”, diz Georgette Fadel a certa altura da peça.
Elisa Ohtake
cia. Explodida
cia. Explodida pois sua estrutura é explodida, esvaziada de seus hábitos de companhia, e o jeito de fazer cada obra é que dirá quem são seus integrantes. Surfando no entendimento de que não há uma coisa universal chamada “companhia”, a estrutura explodida é sempre local, temporária e, nela, o mundo inteiro pode ser convocado. Esta é uma cia que se vê, de maneira ainda mais explícita, como uma cosmo cia, no sentido da cosmopolítica, do entendimento da não separação entre natureza e cultura, da possibilidade do mundo inteiro ser convocado, da multiplicidade irredutível de modos de coinventar mundos por diferentes agentes, orgânicos e inorgânicos. A companhia vai se desenhar junto com o processo de criação de cada trabalho.
Créditos
concepção, texto, direção: Elisa Ohtake
com: Alison Guega, Aretha Sadick, Georgette Fadel, Maria Manoella, Mario Bortolotto, Paula Picarelli, Rodrigo Pandolfo, Roberto Alencar, Michel Joelsas, Vinicius Meloni, Ricardo Oliveira
iluminação: Guilherme Bonfanti
assistente de iluminação e operador de luz: Franscico Turbiani
figurino: Juliano Lopes
cenografia: Elisa Ohtake
construção de adereços cenográficos: Cesar Rezende Santana
sonoplastia: Elisa Ohtake
solo guitarra: Lucio Maia
engenheiro de som: Tomé de Souza
operação de som: Ivan Garro
edição de som: Cella Azevedo
microfonista: Felipe Moraes
contrarregras: Fernando Lemos, Eduardo Portella, Caio César Teixeira
riggers: Wellington Silva e Dennis Inoue
A.R.T: Kenia da Cruz Moreira
colaboração artística: Ana Miranda e Hugo Villavicenzio
preparação vocal: Sonia Goussinsky
fonoaudióloga: Claudia Pacheco
assessoria de imprensa: Adriana Monteiro/ Ofício das Letras
assessoria jurídica: Martha Macruz
assistente de produção: Jorge Alves
direção de produção: Stella Marini/ Púrpura Produções Artísticas
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olhares críticos
A peça é mesmo uma das melhores obras cênicas deste ano de 2024 e até mesmo dos últimos tempos, como muitos dos críticos tem apontado. E a plateia parece confirmar isso, intui saber que está diante de um fenômeno teatral.
O espetáculo é daqueles raros acontecimentos artísticos que se encravam na sua alma e na sua memória, reverberando forte por muito e muito tempo, mudando sua sensibilidade e transformando o paradigma de como você se vê no mundo e como percebe o planeta a nossa volta.
Elisa nos lança num duplo olhar cirúrgico, microscópico para o nosso humano e telescópico para o cosmos, redimensionado nesta dupla visada a insignificância e a importância do homem neste infinito universo, abrindo novas possibilidades de valores para nossos afetos, para o papel de nossas interrelações e de nossa relação maior com a biosfera, em tempos de era da crise climática.
Elisa não cai nesta, nem em muitas outras infantilidades, mediocridades que assolam nossos palcos, como o de povoar o palco com a presença de atores-ideólogos que se consideram semi-deuses, auto-investidos proselitistas de um mundo perfeito. Seus atores revelam-se e nos revelam sem filtros e com todas as suas contradições e idiossincrasias. Outro equívoco recorrente de nossos palcos do qual Elisa sabiamente desvia, é o do culto a uma certa postura chic blasé, repleta de um niilismo melancólico jeca, que não é nada mais do que uma mera pose esnobe, dor de barriga pernóstica, eruditismo vaidoso e arrogante, pura contra-face do “pum de palhaço”. Ao contrário, sua cena se investe dos limites de todas as vitalizações possíveis e inimagináveis: seja a máxima potencialização das inteligências e dos circuitos afetivos, seja a maximização da sensibilidade e de uma sabedoria que se considere abismalmente inacabada, e por isso mesmo, ferozmente curiosa, insandecidamente carismática, fúria poética e encanteria erótica.
Elisa Ohtake é uma das artistas e criadoras mais rigorosas, inventivas e vigorosas da cena contemporânea. Tem construído devagar, passo a passo, grão a grão, uma obra autoral, com uma linguagem própria, uma poética e uma estética singular, inédita, de rara coerência e complexidade. Mas em “Aqui elevado a um trilhão”, ela apresenta uma obra madura, adensada por um conhecimento acumulado de muitas áreas das artes cênicas - dança, teatro, performance - e também de uma sapiência profunda das artes visuais. Com raro domínio conceitual e incrível arsenal técnico, Elisa assina a dramaturgia, encenação e direção de atores do espetáculo, marcando com traços fortes sua assinatura, mas sem deixar de colocar os atores e suas atuações, como eixo essencial de sua concepção cênica. É comovente ver a encenadora-diretora-pedagoga ávida por compartilhar da exaltação que o público faz ao trabalho de cada um de seus atores após o espetáculo. Esta valorização deste aspecto característico da tradição teatral, coadunada com a forma subversiva com que Elisa atravessa esta tradição com outras teatralidades de vanguarda, são outra prova da maturidade e da complexidade do trabalho de Elisa, principalmente num momento em que a maioria dos artistas que se autointitula defensores de uma nova cena, preferem o senso comum de proclamar a morte do teatro, num inequívoco gesto arrivista.
Uma das coisas que mais me tocaram no espetáculo é a forma como Elisa aborda o conteúdo de suas obras, com uma enorme sutileza e com uma vertical vontade de traduzir o mistério. Em um determinado momento, sua estética nos remete a uma óptica oriental, às paisagens apocalípticas de Kurosawa e o abstracionismo, o sentido de formas e cores de sua avó Tomie. Aterradora e sublime.
Sendo o epicentro de sua obra, o conjunto de seus atores se revela mágico a plenos pulmões, cada um com sua individualidade criadora ressaltada. Quem não sonharia com o Sesc Paulista de Mario Bortolotto? E que quis gritar quando criança: “não vou tomar banho nem fudendo!” O público delira, a obra de Elisa, como sua plateia detesta o falso intelectualismo. Aretha Sadick é um escândalo. Ainda bem que a Natureza é prodigiosa e a cada novo ciclo é capaz de fazer nascer uma artista da potência de Denise Assunção. Maria Manoella ainda mais sutil e vulcânica, Rodrigo Pandolfo esplendoroso, de uma graça hipnotizante, Paula Picarelli, escandalosamente bela e capaz de uma imaginação magnética. Roberto Alencar, numa doçura e gravidade cortante, Ricardo Oliveira amado, que não via a tanto tempo, liberdade, fantasia, irreverência e musicalidade desconcertantes. Todos brilham. E que apoteose ver Georgette gloriosa, equiparando sua atuação aos seus melhores trabalhos no palco, como o de sua Stella do Patrocínio, a Joana de Gota D’Agua, ou ainda um dos corifeus do grupo teatral de hospício de Charenton de Marat Sade. Que saudade dessa Georgette titânica, na fusão e para além de todos os gêneros e estilos teatrais. Atuação para todos os prêmios. Ela merece.
Não deixe de ver esta peça. Vai ser uma daquelas inesquecíveis sabe? Como só o sublime e o efêmero do teatro podem ser.
Ruy Cortez
AQUI ELEVADO A UM TRILHÃO em sua insistente excessividade faz da fruição trânsito entre constrangimento e gozo, melancolia e euforia, tédio e excitação, espanto e admiração: aí está o cinismo sublime de Elisa Ohtake. Há algo visivelmente preciso em meio àquele caos disforme que vai se acumulando monólogo após monólogo que se faz presente em uma frase, em um gesto inesperado. Nas descrições de imagem, descrições de anti-imagens; espaços liminares, o absurdo da realidade e uma viagem por lugares que nunca existiram e sempre existirão, por antes que só se fazem no agora. No final, resta o desejo para que todes estejamos AQUI, elevados a um trilhão, contemplando e habitando profundamente o problema onde vivemos.
Amilton De Azevedo
https://ruinaacesa.com.br/aqui-elevado-a-um-trilhao/
"O Teatro, esse Sol estranho, maior que a Vida".
'AQUI elevado a um trilhão' tem concepção, texto, direção, cenários e trilha de Elisa Ohtake. Ter ao seu dispor um elenco de estrelas, pra começo de conversa, e não ser indulgente com este elenco já é praticamente um milagre. Juro que eu nunca tinha visto na minha vida tal uníssono. O espetáculo tem a sua linguagem e todas as pessoas em cena estão no diapasão do espetáculo. são onze atores e, embora digam monólogos, ninguém tá "fazendo outra peça, mas tudo bem". a fluência é perfeita e as "barrigas" são propositais, pois tem uma pretensa despretensão (ops) no desenrolar da coisa toda. "olha, a gente vai ficar aqui montando o cenário por uma hora e meia e depois começa a peça, que vai durar 15 minutos". Ou a Maria Manoella chamando a Georgette Fadel de Forfete Jadel. existe a descontração e o virtuosismo. uma glória pros atores em cena. TODOS estão excelentes e isso é o que dá condição da mensagem se impor, porque sim, senhoras e senhores, a peça tem o que dizer. não é um amontoado de palavras ou retrato de um mundo morto. é sobre o nosso mundo moribundo e (quimicamente) sujo, sobre qualidade de presença e sobre o papel do teatro, "esse sol estranho, maior que a vida", e que num futuro próximo será a única coisa que nos fará presentes, como profetiza Elisa.
O espetáculo cita algumas vezes o Sublime em Kant, referindo-se a algo que além de belo é assustador e eu posso dizer que a peça alcança isso. eu fui conseguir dormir depois das 5 da manhã. é pena que o termo (sublime) esteja banalizado a ponto de poder ser usado pra descrever um café bem passado ou como marca de papel higiênico, então direi simplesmente que 'AQUI elevado a um trilhão' é um vulcão em erupção e que dona Elisa está pronta pra dirigir A Flauta Mágica no Municipal.
Antônio Furtado
O nome da peça é “AQUI Elevado a 1 Trilhão”. Poderia ser “O Standup do Fim do Mundo”. Corra para o teatro já.
Marcelo Tas
“Aqui elevado a um trilhão”, de Elisa Ohtake. Como é bom ir ao teatro, ainda mais pra assistir a um texto tão bom! Uau! Como é bom! Com direção, cenografia, figurino e atuação inigualáveis. Saí impactada. Um especial impacto sempre vem de ver Georgette Fadel em cena. Mas todos os atores maravilhosos.
Thelma Guedes
Elisa Ohtake e seu teatro radical e vivo e bonito e cheio de crises e um trilhão de coisas mais…
Roberta Martinelli
Direção, dramaturgia, trilha sonora e iluminação são impecáveis, assim como as cenas de Maria Manoella, Rodrigo Pandolfo e Georgette Fadel.
Cesar Ribeiro
Um êxtase elevado a um trilhão assistir amigos brilhando nessa peça com texto e direção quentes demais e muito urgente de Elisa Ohtake.
Andreia Horta
Aqui Elevado a Um Trilhão é magnético. Elisa Ohtake é uma das nossas vozes contemporâneas mais potentes.
Natália Lage
Elisa Ohtake é um acontecimento. E que elenco!
Bruno Garbuio
Em junho, no Thèâtre National La Colline, assisti “Avant la terreur” (Antes do terror) baseado em Ricardo III de Shakespeare, escrito e dirigido por Vincent Macaigne: em um palco lamacento o rei assassina em nome de um desejo sem eira nem beira. Na Comédie Française também assisti “Les démons” (Os demônios) de Dostoiévski dirigido por Guy Cassiers: jovens niilistas querem a revolução destruindo tudo que está de pé. No Teatro Sesc 24 de Maio assisti ontem “Aqui elevado a um trilhāo” de Elisa Ohtake. Ela traz para o palco o lixo produzido pelo mundo capitalista: mais uma vez o homem e sua pulsão destrutiva.
Sem Ricardo III e sem os demônios russos, estamos agora diante do lixo capaz de destruir o homem. No palco, personagens que não procuram um autor, mas um lugar, um “aqui” no ágora grego para o agora. Atores e atrizes deixam de lado as interpretações teatrais dos séculos passados e chafurnam no lixo. Viva! Risos como efeito do confronto com o real, do desespero, do sem saída, é o que assistimos. A ideia corriqueira de “joga no lixo” voltou-se contra a humanidade. O “Das Unheimliche” freudiano entorna-se sobre a terra e a apodrece. É teatro? É literatura? Sim, mas quem disse que o teatro e a literatura não sabem mais de nós que nós mesmos?
Ohtake, diante do mal-estar da existência, traz a vida para o palco: o jovem malabarista Alison Guega que anda pelo mundo brinca com suas errâncias. Ele vive do “aqui e agora”: é o que lhe interessa. Meus aplausos a Elisa Ohtake e à Cia. Explodida, que podem convocar o mundo inteiro a cada peça, por insistirem no teatro. Aplausos de pé para Mário Bortolotto, esse resistente do Teatro Cemitério de Automóveis, que sempre tira leite do lixo, faça chuva ou faça sol. Saí do teatro melancólico, mas com desejo de viver. Hoje irei, novamente, a mais uma peça de teatro. Viva a cultura!
Geraldo Martins – psicanalista
O INSTANTE É UM ABISMO SEM BORDAS
AQUI ELEVADO A UM TRILHÃO de Elisa Ohtake em cartaz no Sesc 24 de Maio se utiliza da metáfora e da anti-metáfora para cosmicizar o discurso cênico, pode ser a primeira peça brasileira que exige de maneira explícita da plateia uma autopoiésis. Como um ' kosmic blue' lúcido que busca trincar a redoma, inclusive a redoma das categorias autoficcionais expandindo a experiência para uma borda que mais do que a catarse pede o imanente, pede por uma política da imanência, como na montagem de Hamlet de Andrei Tarkovski ou nos filmes mais recentes de Radu Jude, embora falte ao cineasta romeno algo que sobra em AQUI ELEVADO A UM TRILHÃO: uma certa sinergia da afetuosidade, Elisa e as atrizes e atores da peça são atravessados pela dupla microtessitura da tragédia que vaza das camadas do espetáculo que ousa tensionar o speculum da exterioridade insolúvel em lugar de apenas expor o sintoma, em AQUI ELEVADO A UM TRILHÃO DE ANOS o sintoma é um ponto de partida para a vertigem de um transe-surto necessário que transfigura o distópico em trágico e o trágico em pensamento utópico, no sentido mais amplo do conceito o pensamento utópico 'é um modo de vislumbrar as virtualidades ocultas na realidade imediata e de sonhar com uma outra realidade, uma sociedade idealmente mais perfeita do que aquela em que vivemos. É o desejo de superar o imediato, no qual estamos mergulhados'
Poemas e problemas permanecem, se tornam topologias paradoxais, o humor e o terror também são. AQUI ELEVADO A UM TRILHÃO pode ser vista como uma tentativa bem sucedida de osmose ou hibridismo entre o paradoxo e as topologias, tudo isso faz de AQUI ELEVADO A UM TRILHÃO um acontecimento singular dentro do espectro do teatro brasileiro contemporâneo, um espetáculo sem bordas.
Marcelo Ariel
OS MELHORES DO PRIMEIRO SEMESTRE
O primeiro semestre acabou, e Arte8 quer compartilhar com vocês, a nossa lista das 10 melhores peças desse semestre, lógico que deixamos de assistir muitas peças, mas conseguindo assistir 62 espetáculos. As 10 melhores foram:
1 - Aqui Elevado a Um Trilhão
2 - O Vazio da Mala
3 - Puma (oficina Oswald de Andrade)
4 - Tio Vânia
5 - O Veneno do Teatro
6 - Gabri (elas)
7 - O Diário de Um Louco
8 - Todas as Coisas Maravilhosas
9 - Copo Vazio
10 - Dias e Noite de Amor
Arte8
Com elenco bem regulado, um trilhão de vezes acima do que se vê, e de fato procurando um tipo de linguagem que avance na forma daquilo que o teatro e a performance investigam, Aqui Elevado a 1 Trilhão é pura parresia. Destaque para a excelente sonoplastia e para a extraordinária cena final defendida por Georgette Fadel.
Negar variados sentidos da “cena clássica” e substituir boa parte da moldura estética por um emputecido e desagradável torpedo da verdade. Dar a ver o anticlímax trazido pelo “real” e fabular acerca do “quase infabulável” – Eis a grande questão da montagem, para além de sua temática, par além de sua forma e, sobretudo, para muito além do produto final.
Elisa Ohtake, não sem antes definir uma linguagem reconhecível (mas que não se faz blindada às leituras diversas), arquiteta com maestria tais questões. Parresista, implica-se na perseguição de alguma possível resposta acerca daquilo que nem mesmo formulou-se com precisão nos debates acerca da arte contemporânea.
Deus Ateu