Elisa Ohtake
let's just kiss and say goodbye
Let's just kiss and say goodbye
Let’s Just Kiss And Say Goodbye é uma ode ao teatro, uma peça performática, o segundo estudo sobre a vitalidade de Elisa Ohtake, na vizinhança com a dor, a morte, o risco, a festa. O primeiro estudo se deu em forma de dança com a peça Tira Meu Fôlego. Para esse novo estudo sobre a vitalidade poder acontecer, a diretora criou uma estratégia limite e propôs a cinco atores experientes da cena paulistana que atuassem como se fosse a última peça de cada um deles, uma despedida fake e fatal do teatro, um dispositivo estratégico levado às últimas consequências para a vitalidade explodir.
Let’s Just Kiss And Say Goodbye é uma ode ao teatro que explora a presença dos atores em sua máxima potência por meio da intensa exposição dos mesmos e da plasticidade dos materiais cênicos que se transformam em corpo e cenário. Foram escolhidos somente personagens ousituações que possibilitam o estudo da vitalidade, personagens limite emsituações limite que nos obrigam a buscar maneiras vitais de estar no palco incessantemente. à certa altura da peça, os atores fazem uma sucessão de monólogos de personagens da história do teatro e no final da noite uma espécie de panorama do ser humano em condições radicalmente vitais, na vizinhança com a dor, a morte, o risco, a festa, terá sido construído.
É um desafio político discutir a vitalidade radicalmente já que o capitalismo captura justamente pelo culto das emoções totais, pela exploração intensa das sensações sensacionais, pelo tremor, pelo frescor. Como estudar no corpo a vitalidade se a produção mercadológica incessante de excitação se torna cada vez mais condição de estar no mundo, padrão de comportamento, medida de ação e percepção? Como estudar a vitalidade radicalmente, na vizinhança com a dor, o risco, a libido, a festa? Em Let’s Just Kiss And Say Goodbye e em Tira Meu Fôlego força-se a barra para ver o que acontece. Nem que seja necessário misturar tudo. Nem que seja necessário oscilar, desesperadamente, entre a vida, no sentido forte da palavra, e a mera espetacularização das emoções.
Créditos
Concepção, direção, dramaturgia geral, iluminação, cenário: Elisa Ohtake
Atores criadores: Danilo Grangheia, Georgette Fadel, Luah Guimarãez, Luciana Schwinden e Rodrigo Bolzan
Assistente de direção: Marcel Darienzo
Sonoplastia: Elisa Ohtake e Gustavo Vellutini
Técnico de som e cenotecnia: Daniel Martins
Técnico de luz: Juarez Adriano
Direção de produção: Stella Marini
olhares críticos
“Elisa Ohtake está inventando um jeito de lidar com a cena, que poderia ser chamado de uma outra lógica de dramaturgia’. Nela, ocorre uma inversão: em vez de a dramaturgia acontecer no lidar com materiais existentes ou especialmente criados para a ocasião, aqui ela se dá como invenção de um jeito de pensar as artes da cena, todas elas. Por isso, pode aplicar-se à dança ou ao teatro, bem como às outras que compartilhem desse mesmo ambiente. O mais instigante começa aí: por que uma mesma lógica pode ocorrer em situações artísticas distintas? Elisa configura um jeito de dirigir tão original que precisa criar os próprios fazeres – nos dois casos, seu texto e a narratividade que os conduz. Mas sua característica fundacional está no fato de essa lógica poder existir em completa autonomia do que vai constituí-la e em total dependência da artesania dos que vão lhe dar corpo. Na mesma medida em que os materiais perdem peso, os intérpretes ganham importância central. Em Let’s Just Kiss and Say Goodbye, Danilo Grangheia, Georgette Fadel, Luah Guimarãez, Luciana Schwinden e Rodrigo Bolzan esbanjam competência. Apenas um domínio tão completo da artesania do teatro – que cada um deles demonstra da sua maneira –, poderia fazê-los escapar da cilada sutil de tornarem-se personagens de si mesmo. E eles conseguem, em cada uma das cenas que nos mostram, deixar o próprio fazer teatral no papel de protagonista. Sabem explorar a potência da ambiguidade sem resvalar para a representação da ironia.”
Helena Katz – O Estado de S. Paulo
“Let’s Just Kiss and Say Goodbye é sobre a vida e, se é sobre a vida, é também sobre o teatro: um acontecimento, uma homenagem. A peça/performance dirigida por Elisa Ohtake, na qual provoca cinco atores experientes do teatro paulistano a fazerem a “última peça de suas vidas”, propõe uma lógica dramatúrgica que pensa estratégias de criação inovadoras, testando-as em tempo real, extrapolando os limites da cena e colocando, através da presença dos atores, o teatro no centro. Esse teatro, objeto de paixão dos atores e a despedida desse amor. Amor é amor e despedidas são despedidas. Duas afetações que comovem e transformam a cena e o espectador.”
Fernando de Proenza – Jornal Gazeta do Povo – Curitiba
“É uma peça sobre o teatro, em que os atores —entre os melhores dos elencos experimentais de São Paulo— fazem de conta que estão ali se despedindo do palco.”
Nelson de Sá – Folha de S. Paulo
“É um espetáculo para ser plenamente compartilhado por poucos. Por quem é ator ou atriz. No entanto, é um espetáculo para muitos. Para quem tem sede de conhecer. Para quem tem sede de arte. Para quem quer reascender uma luz. Let’s Just Kiss na Say Goodbye é uma ode ao teatro, ao teatro da Ideia, da ideia profunda contida em um texto e que é recriada na presença do ator-personagem.”
Fernando Klug – Festival de Teatro de Curitiba